Desde o início do ano, a Rússia passou a oferecer auxílios para estudantes grávidas — incluindo adolescentes — como parte de um esforço para combater a queda histórica na taxa de natalidade.

Os valores variam entre 20 mil e 150 mil rublos (R$ 1,3 mil a R$ 10,2 mil), sendo pagos independentemente da renda ou do estado civil da mulher.

Acontece que a Rússia enfrenta uma crise demográfica: o número de nascimentos vem diminuindo ano após ano, enquanto a expectativa de vida permanece relativamente baixa.

• Essa "baixa expectativa de vida” já é causada, em boa parte, pela atual guerra. Naturalmente, isso resulta em uma população envelhecida e em uma força de trabalho cada vez menor.

Especialistas alertam que, sem medidas eficazes e sustentáveis, o país pode enfrentar sérias dificuldades econômicas e sociais nas próximas décadas.

A lógica por trás da medida

A ideia do governo é simples: quanto mais cedo uma mulher tiver filhos, maior a chance de ter vários ao longo da vida.

No entanto, vale ressaltar que esse tipo de pensamento é extremamente perigoso — inclusive, políticos pró-Kremlin têm criticado as medidas.

🩺 Afinal, estimular a maternidade precoce pode aumentar os riscos de complicações na gravidez, como pré-eclâmpsia, parto prematuro e infecções.

Isso porque o corpo de adolescentes ainda está em desenvolvimento, o que pode dificultar uma gestação saudável.

Além disso, a saúde mental também pode ser impactada, com maior chance de depressão pós-parto e abandono escolar — afetando o futuro da mãe e do bebê.

Um estímulo controverso

Apesar do apoio institucional, os números mostram baixa adesão. Apenas 310 mulheres receberam o benefício até agora — entre elas, 66 estudantes.

De modo geral, especialistas em demografia são unânimes: bônus financeiros não aumentam a taxa de natalidade de forma sustentável, especialmente quando focados em faixas etárias jovens.